terça-feira, 2 de outubro de 2012

Mensagem da Sra Vice-Presidente do Conselho Estadual do Idoso/São Paulo


"O que temos para comemorar no dia Nacional e Internacional dos Idosos ?
Sem dúvida o avanço da ciência, que nos deu mais anos de vida.  Só do ano de 1940 até hoje a expectativa de vida praticamente dobrou, de 38,5 anos passamos para 74, isso é motivo de comemoração. Ver essa nova geração de idosos, jovens de cabelos brancos, se exercitando nas praças, largando de fumar, conscientes de que é necessário cuidar da saúde do corpo , viajando, dominando a tecnologia, se atualizando e voltando a participar do mercado de trabalho e da vida política é motivo de comemoração.Mas quando olho para a grande maioria dos idosos brasileiros, que foi aquela criança desnutrida de ontem, que sobreviveu e virou o adulto sem estudo e sem trabalho formal, sem carteira assinada e que envelheceu pobre, vejo um outro retrato. Muitos (19%) estão abaixo da linha de pobreza, totalmente dependente das políticas públicas. A estrutura familiar e social não contempla a inclusão da terceira idade. No passado a família dava apoio aos idosos, hoje, cada um está envolvido com a sua vida. As cidades não estão adaptadas para essa população. Os equipamentos como Instituições de Longa Permanência (antigos asilos) não tem o apoio do governo e raramente são fiscalizados pelos órgãos competentes. Mogi, nesse item, tem sido exceção, um exemplo que deveria ser seguido nas demais cidades para proteção dos idosos que dependem desses serviços. Mas a verdade é que ninguém quer mexer nesse vespeiro, com o agravante que estudos  apontam que o Brasil tem apenas 218 ILPIs ( asilos ) públicas.
Outro dado importante vem da Sociedade Brasileira de geriatria apontando que temos apenas 922 médicos geriatras no país, desses 410 estão em São Paulo e o resto espalhados pelos demais estados. A região do Amapá ,Amazonas e Tocantins tem apenas 01 geriatra . 
Temos hoje cerca de 21 milhões de idosos no país, em 2025 serão 32 milhões e em 2050, 70 milhões. Quem vai cuidar dessa população que cresce aceleradamente?
É preciso preparar os profissionais de saúde para lidar com os idosos.  Aulas de geriatria deveriam ser obrigatórias no currículo básico das faculdades de medicina, mais ainda não são. Os políticos e gestores públicos ainda não se deram conta da realidade que é o envelhecimento da população brasileira. Ainda não  caiu a ficha  que vamos precisar cada vez mais de políticas sustentáveis para um envelhecimento ativo. O Estatuto do Idoso prevê várias políticas públicas de valorização aos idosos, mas após 11 anos de sua aprovação ainda é um ilustre desconhecido entre os gestores públicos. Muitos  só falam do idoso no discurso mas não o contempla  nos planos de governo e muito menos no orçamento.  Também entre os próprios idosos o Estatuto ainda é um desconhecido.  Aqueles que ajudaram a construir esse país e  fazem parte da nossa história, deveriam estar usufruindo essa fase da vida com muito mais tranqüilidade, alegria e privilégios.
 Por tudo isso penso, que  temos  muito a caminhar, e pouco a comemorar neste 1º de Outubro de 2012 “Dia Nacional e Internacional do Idoso”.
JURACI FERNANDES DE ALMEIDA
Vice-Presidente do Conselho Estadual do Idoso/São Paulo
Diretora da UNAI-Universidade Aberta a Integração - Mogi das Cruzes/SP"

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